O clima era de medo, porque a Ditadura ainda era presente – Conta autor de livro sobre Jornal Poeira

Campanha do POEIRA (em 1974) no Teatro Filadélfia (onde funcionava parte da UEL) - Foto: Acervo Pessoal

A partir da metade da década de 70 – em meio a um dos períodos mais duros da Ditadura Militar no Brasil – Londrina foi o palco da luta de vários coletivos e grupos de resistência que, através da cultura e de ofícios como o trabalho jornalístico, buscavam espaço para se articular em prol da luta por direitos e da busca por democracia. Um desses núcleos – cuja história continua sendo lembrada muitas décadas depois – foi o jornal ‘Poeira’  que catalizou ideias de centenas de jovens universitários que, com criatividade e com muitas limitações, tentavam enfrentar os anos de chumbo, até então, institucionalizados por vários aparatos do Estado. (Na foto em destaque, Campanha do Jornal Poeira em 1974, em frente ao antigo Teatro Filadélfia, onde funcionava parte da UEL).

Por Bruno Leonel

‘O clima (não só na Universidade) era de medo, havia muita restrição (política, de liberdade de expressão, etc. Embora houvesse também um senso de humanidade e solidariedade entre as pessoas’, conta o jornalista Tadeu Felismino que, viveu ‘in loco’ vários dos acontecimentos do período (como a operação ‘Marumbi’, que resultou na prisão  políticas de dezenas de pessoas, inclusive professor – veja a seguir). Tadeu lançou recentemente o livro ‘”O tempo do Poeira – Histórias e Memórias do jornal e do movimento estudantil da UEL nos anos 1970″ (Eduel), que relembra histórias da época, além de contar com fotos raras e depoimentos de algumas figuras emblemáticas da história do ‘Poeira’, entre eles: Marcelo Eiji Oikawa, Roldão Arruda, Nilson Monteiro, Célia Regina de Souza e Marília Furtado de Andrade.

Uma das primeiras reuniões de pauta do jornal POEIRA – Foto: Acervo Pessoal

 

A obra, é uma compilado feito pelo jornalista Chico Amaro da dissertação de mais de 250 páginas, na qual Felismino revisitou toda a trajetória do jornal, além de relembrar o contexto de movimentos estudantis no Brasil, sempre com discutindo ideias como a atuação da imprensa alternativa, e o papel de movimentos sociais em contextos de crise e repressão. Tadeu conta que iniciou a pesquisa em 2014. “Até então, achei que escrever sobre aquele período (da ditadura) era algo até meio batido, meio velho, mas as coisas mudaram. Nós retrocedemos tanto nos últimos anos, que, no fim, acabou sendo um conteúdo útil para este momento atual, este momento bastante desafiador, no Brasil e no mundo…”, contou Felismino. Ouça a entrevista completa:

 

Cenas do período de votação da campanha para DCE UEL (com cartazes do Poeira colados nas paredes do CCH) – Foto: Acervo pessoal

 

 

 

 

 

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