Instrumentos inusitados no Festival de Música

Por Giovanni Porfírio

Oficinas de instrumentos desconhecidos pelo grande público movimentam o evento

Trompa, fagote e Oboé. Pode parecer estranho, mas são nomes de instrumentos musicais. No Festival de Música de Londrina, os alunos aprendem na prática a tocar instrumentos menos conhecidos do grande público.

Philip Doyle é professor de trompa e explica um pouco mais sobre o instrumento:

Philip: A trompa faz parte da família dos instrumentos de metal, como o trompete, trombone e as tubas. É um instrumento bem antigo, era um tubo cônico e enrolado, usados pelos caçadores, ao longo dos anos, foi ficando mais sofisticada, com a máquinas, as válvulas para poder mudar de nota de uma forma mais eficiente. E hoje e em dia é um instrumento moderno, complexo, que participa de vários gêneros musicais, como a música de câmara, solista de orquestra, ópera, balé e principalmente trilhas sonoras de filmes. Certamente já deve ter escutado as trompas tocando em “Guerra nas Estrelas” e “Piratas do Caribe”, esses filmes de Hollywood”.

O professor conta como descobriu esse instrumento:

Philip: “Eu nasci na Inglaterra e na escola pública onde eu estudei, tinha a opção de tocar na banda, e eu acabei parando na trompa. Meu pai incentivou muito ao estudo de música e comprou um instrumento pra mim e eu fiquei apaixonado. Desde então, eu sou viciado em trompa”.

Para Philip, a trompa é algo difícil de aprender, mas que com muito treino, o aluno consegue desenvolver o instrumento:

Philip: “É um instrumento que dá trabalho, é traiçoeiro. Quando a gente acha que vai sair uma nota bonita, sai uma outra que parece que a gente não tem controle. A trompa a gente produz o som através do ar, passando pelos lábios que fazem uma vibração e que se torna um som através de um instrumento que amplifica essa vibração. Agora a grande maioria das notas a gente faz escolhendo uma frequência adequada para produzir determinada nota, então as válvulas não ajudam tanto assim. Não é que nem um piano que você olha o teclado e toca determinada nota e sai esse som. A trompa é um pouquinho mais misteriosa nesse sentido, a gente tem que ouvir a nota que a gente quer tocar e espera que o lábio consiga fazer a vibração adequada para tocar essa nota”.

Joyce Teixeira é uma das alunas do professor e conta como começou a tocar trompa:

Joyce: “Comecei a tocar na igreja, só que eu não pensava em me profissionalizar, nada. Só depois foi passando os anos e eu fui gostando cada vez mais… Lá em São Paulo eu entrei no Projeto Guri, e então estudei um tempo lá, e então comecei a pensar que eu queria mesmo estudar trompa, queria isso para a minha vida. Estudar Música. Então eu prestei vestibular aqui pra Londrina, pra UEL e comecei a fazer licenciatura em música. Estou no terceiro ano. Quando eu vim pra cá, eu comecei a ter aula com o Josimar da OSUEL, aí desde então eu peguei pra estudar mesmo a trompa, cerca de dois anos e meio, mais ou menos”.

 Joyce considera trompa como sendo um instrumento complicado:

Joyce: “Tenho dificuldade sim. Embocadura, respiração, afinação da trompa, muitas dificuldades. Trompa é um instrumento complicado”.

A aluna tem aprendido muito com a oficina e pretende ser trompista no futuro:

Joyce: “Tenho aprendido muito, Philip é um ótimo professor. Tudo o que eu tenho aprendido aqui eu vou estudar em casa também, não vou estudar só aqui no festival. Vou levar isso pros meus estudos diários. Eu pretendo estudar bastante para ser uma trompista profissional”.

Já o fagote é ensinado pelo professor Aloysio Fagerlande, que explica como funciona o instrumento:

Aloysio: “É um instrumento de palheta dupla, da família do Oboé, mas um Oboé maior, mais longo, portanto com um som mais grave. E também com a sua origem por volta de 1500, 1600, justamente quando se procurou um oboé com um som mais grave, na época tinha a família dos instrumentos, né? No caso, os instrumentos tinham vários tamanhos diferentes, afinações mais agudas ou mais graves. Na época, estavam procurando esses oboés mais graves e então, resumidamente, chegou-se ao fagote”.

O professor afirma que, apesar da dificuldade, é possível aprender o instrumento:

Aloysio: “Na verdade assim, como qualquer instrumento de música, pra ser bem tocado é difícil, e pra ser mal tocado é fácil. Resumidamente. É claro que é um instrumento que o som não tá pronto ali, você vai ter que começar a produzir o som. Existe um trabalho de embocadura, de coluna de ar, de sincronia entre a articulação e sopro, mas não é nada assustador, difícil não”.

O aluno João Maciel toca o instrumento há mais de 3 anos e conta sobre a dificuldade em tocar o fagote:

João: “ O que é mais difícil nele é você ter esse controle da respiração, o dedilhado também é complicado, e segurar, porque ele é pesado. Mas o que é mais difícil mesmo é a respiração mesmo, a emissão de ar constante e contínua. Tá sendo bem interessante, incrível, ele é muito bom. O festival em si também achei bem organizado, bem estruturado.

Outro instrumento inusitado é o Oboé, ensinado pelo professor Rodrigo Costa. Ele conta como começou a tocar:

Rodrigo: “Eu tocava numa banda de concerto e eu tocava saxofone, né? E daí alguém falou comigo do Oboé, Oboé é legal, e eu não gostava muito. Mas com o tempo, eu fui vendo que era realmente muito bonito e conheci na banda, os amigos que me apresentaram o instrumento”.

Rodrigo explica como funciona o Oboé:

Rodrigo: “É um instrumento de sopro, da família das madeiras. Parece com um clarinete, porém ele é um pouquinho menor, e o formato dele é cônico. O do clarinete é cilíndrico, reto. O do Oboé é cônico. Então isso faz ele ter um som diferente e mais projetado. Talvez um som mais espetado. E ele é um instrumento de palheta dupla, assim como o fagote, uma sobre a outra”.

Para Rodrigo, com um bom professor, qualquer um pode começar a tocar:

Rodrigo: “Tendo um bom professor e orientação qualquer pessoa pode tocar. Não tem esse negócio de “é difícil” ou “é fácil”. Depende de todo um contexto. Se você tiver um bom professor, um bom orientador, você vai tocar fácil, qualquer pessoa pode tocar”.

Beatriz Valentim é aluna de Rodrigo e conta como começou a tocar o instrumento

Beatriz: “Quando eu entrei eu não sabia o que era Oboé, só sabia o que era violino, trompete, os instrumentos mais tocados normalmente. Só que eu comecei tocando viola, viola de arco. Só que daí que não me dou muito bem com corda. Daí eu comecei com o Oboé, fiz uma aula experimental e gostei. No começo, sendo bem sincera, eu queria sair, só que aí que fui gostando mais. Eu entrei na orquestra e hoje eu toco mais. Pretendo sim, depois que sair do curso, continuar tocando.”

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Foto: Giovanni Porfírio

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