O programa Marginália dessa semana fala sobre o Estoicismo: doutrina filosófica que aconselha a fidelidade ao conhecimento e a indiferença e desprezo pelos males físicos e morais, desconsiderando todos os tipos de sentimentos externos.
No início do século 3 a.C, o filósofo Zenão de Cítio fundou em Atenas essa escola de filosofia helenística. Lá, os estoicos ensinavam que as emoções destrutivas são resultados de erros de julgamentos e que é honesto manter uma vontade que está de acordo com a natureza.
O movimento enfatizava a paz de espírito e considerava a autossuficiência seu maior objetivo, esteve baseada na filosofia de influência platônica (referente aos ideais do filósofo grego Platão) e no “Cinismo”, ou seja, uma corrente filosófica donde a “virtude” é considerada suficiente para atingir a felicidade.
Essa filosofia indica um modo de vida em que a melhor forma de compreender o outro é observando como ele se comporta e não o que ele diz. E que uma pessoa que é virtuosa, consequentemente atinge a felicidade.Para esse filósofos, as paixões que perturbam a alma podem levá-la a julgar de modo incorreto, à margem do modo de julgar em consonância com a phýsis (a divindade primordial da natureza).
Riqueza, saúde e outros bens são, assim, valores secundários porque são considerados possíveis e eventuais facilitadores para uma vida feliz, mas não trazem necessariamente a felicidade por si mesmos. O campo dos indiferentes, verdadeiro campo da escolha ética, tem como fundamento a representação compreensiva e seu bom uso, como foi dito.
Para concluir, o discurso estóico — naturalista e integrador, privilegia uma certa leitura da natureza e nega tudo o que dela se afasta, e em nossos dias, quando a Ética se esgarça como campo próprio da escolha refletida, e as paixões exacerbadas têm campo fértil alimentado por inesgotáveis objetos de desejos cotidianamente criados no mercado, os estóicos têm muito a dizer sobre nossa própria identidade como campo de forças em luta, ou como campo já repartido entre vencidos e vencedores.
Na playlist, músicas das trilhas sonoras de dois filmes que em seu enredo demonstram traços da filosofia estóica: Captain Fantastic (2016) e Into the Wild (2007).