A ética em pessoa do jornalismo policial

Niceia Lopes nasceu em 1963 em Londrina. Aos 18 anos, começou de auxiliar na Rádio Clube e o primeiro trabalho profissional (cobrindo o turno de um radialista doente) foi fazer a “ronda policial”

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no programa Rádio Fatos: ir até a delegacia central de Londrina e coletar informações sobre o assassinato de um travesti.

Mesmo seguindo neste segmento do jornalismo por mais de 30 anos, jamais abandonou a postura ética nas produções radiofônicas. Sempre tratou os suspeitos e acusados de “senhor ou senhora” e, antes de todas as entrevistas, avisa o detido que ele não precisava dar entrevista. É o caráter da boa profissional com as experiências adquiridas nos estudos de Ciência Sociais no Ipolon, Instituto Politécnico de Londrina (atual Funtel, Fundação do Ensino Técnico de Londrina). “Sou socióloga porque não havia curso de Comunicação [na UEL] a noite na época”, disse Niceia em entrevista ao Estação Memória.

Mesmo sem a experiência acadêmica do Jornalismo, ela destaca que teve “excelentes professores” no dia a dia das redações, como Marinósio Trigueiros e Paulo Ubiratan (ambos já falecidos), entre outros. Depois da experiência inicial na Rádio Clube, foi para a Rádio Londrina onde trabalhou como repórter de programas populares como o do Antonio Belinati e do Carlos Luiz Carlos Alborghetti (vulgo “Cadeia”). Passou ainda pelas rádios Cruzeiro AM e Alvorada, sempre com informes ao vivo da central de polícia.

Seu período de maior produção foi na Rádio Brasil Sul, entre 1989 e 2004. Niceia destaca que jamais gostou de fazer entrevistas “por telefone”. E segue criticando a postura de praticamente todos os programas policiais de rádio e TV: intimidar e tratar o suspeito como criminoso nas mídias antes de investigação ou julgamento. “Isso eu sempre deixei claro a minha inteira, eu nunca concordei: o cara chega preso na delegacia e o repórter já vai e já quer entrevistar o cara. Isso tá errado porque tem que ser respeitado o direito dele”, insiste a

E o jornalismo radiofônico hoje? “O que falta é investir em jornalismo. Os empresários querem só vender o horário e não querem responsabilidade. Não querem pagar o piso, não querem registrar o repórter de rádio como jornalista”, lamenta Niceia Lopes, considerada pelos colegas a melhor e única repórter policial mulher de Londrina.

Produção de Emerson Dias. Gravação e Edição de Keli Gevezier. Foto: Bruno Amaral.

Propriedade Intelectual no inicio de 2016

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